sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Clarice Lispector

As palavras de Clarice,em muitos momentos se confundem  com os  meus próprios pensamentos...Me familiarizo com os versos,me encontro nela...Me perco com ela...E nem a conheci,mas mesmo assim,eu sinto Clarice,eu por vários instantes sou como Clarice...Não é só admiração,é afinidade,identificação de sentimentos,coincidências de alma...


Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto - é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia - é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou - é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. E para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra "tertúlia" e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que eu vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio.
Não sei sobre o que estou falando. Estou falando de nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome.
É para o meu pobre nome que vou.
E de lá volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.


3 comentários:

  1. Oi Drica, tb adoro Clarice Linspector, tenho um trecho dela no meu perfil....aliás, fiz mais 2 blogs, no total tenho 4,rs...dá uma olhadinha, bjs
    http://doidademais.blogspot.com
    http://titinhaibrahim.blogspot.com
    http://bruxynhacarioca.blogspot.com
    http://ibrahim-advocacia.blogspot.com

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  2. Parece que pensamos iguais...
    Vi você,entre meus amigos logo agora que entrei em meu blog, mas antes quis escrever um texto reflexivo, de nome meio-espelho em alma. Após postá-lo, vim conferir, quem seria você, se era uma moça que eu havia visitado o blog e havia dito a ela da nossa semelhança, e dei esse nome" meio-espelho em alma" e bem o seu primeiro texto fala da sua semelhança com a Clarice Lispector.
    Interessante isso, será que somos também?
    Um final de tarde lindo.
    Um grande abraço.
    Seja sempre bem-vinda em meu blog.

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  3. Mulher!
    Sempre mulher.
    Um abraço carinhoso pelo nosso dia.
    Um afago gostoso.
    Um orgulho, ser mulher sempre.
    Eternamente.
    Minha homenagem às minhas amigas mulheres.

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